Seu Amaro e dona Deuzuila na Igreja de São Vicente de Paulo
Notícia do dia 14/03/2021
Descrever e compartilhar com meus leitores um pouco do perfil de tantas pessoas maravilhosas que infelizmente perderam vidas para esse desgraçado vírus é cada vez desolador. Pois é vazio a solidão entre meus dedos, teclas e tela do computador de recordar tantas coisas maravilhosas, que agora ficarão apenas nas lembranças.
Acredito que vamos controlar essa pandemia que já dura mais de um ano no planeta e que já levou mais de 265 mil pessoas somente no Brasil. Mas queria mesmo que esse pesadelo passasse logo e famílias não fossem dilaceradas dessa forma.
Volto a escrever sobre meu bairro de São Vicente de Paulo. Agora sobre o seu Amaro Malcher da Silva. Vítima da COVID-19, no dia 13 de março de 2021. Estava no meio de uma das minhas lives, quando soube da informação. Tentei, mas não tive como não desabar de tristeza. Passado quase 24h que soube da notícia, conseguir reunir as boas lembranças para dizer um até logo seu Amaro Malcher.
Não vou pensar na sua dor e luta árdua pela vida durante mais de 40 dias, primeiro em Parintins e depois em Campo Largo no Paraná. Mentalizo apenas seu Amaro Malcher chegando no céu e sendo recebido pela Sagrada Família.
Festejado por Nossa Senhora, a mãe do menino Jesus. Dando sorrisos e mais sorrisos de alegrias ao reencontrar no Céu muita gente boa.
Imagino São Vicente de Paulo, que é patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica, recebendo seu Amaro e dizendo “Obrigado”. Afinal, seu Amaro Malcher dedicou seus últimos 20 anos a Igreja e Comunidade de São Vicente. Dia, noite, madrugada, Feriado ou não. Chuva ou sol. Estava seu Amaro de atalaia ou sentinela para ajudar a comunidade vicentina.
Seu Amaro de notável inteligência para mecânica era muito conhecido no nosso bairro. Flamenguista apaixonado, quando o mengão perdia, ele chorava. Era uma paixão sincera.
Uma vez, na primeira semana de dezembro 2017, precisamente no dia 03, seu Amaro teve de ser internado. Fui o visitar no Hospital Padre Colombo. Na beira do leito foi uma bagunça geral. Estava eu que torço pelo Fluminense, seu Amaro do Flamengo e o irmão dele o tenente Luiz Carlos Malcher da Silva o comandante Cobra, que é vascaíno. Claro quem mais sofreu foi o vascaíno. Demos boas risadas, e mesmo em recuperação, seu Amaro manifestava desejo de sair o mais rápido, pois tinha de agilizar a programação do final de ano de celebrações natalinas no São Vicente.
Seu Amaro pai amorado das meninas Bruna, Barbara e Bianca. Antes do BBB, Seu Amaro já tinha as ‘BBB’ na família e filho Junior.
Com grande devoção a Deus, seu Amaro só não rezava a santa missa. Mas comandou muitos cultos dominicais, quermesses, bingos, animou arraiais. Ajudou na pintura da Igreja. Sempre teve apoio da esposa amada dona Deuzuila. Tirava as vezes recursos do próprio bolso para ajudar nas despesas.
Dizem que tem jogadores astros que costumam bater o escanteio, correr pra dentro da área, cabecear a bola e fazer o gol. Pois seu Amaro era dessa mesma forma. Um fenômeno. Não tinha tempo ruim. Corrida atrás de patrocínio, pedia colaboração para a sonorização. Pegava os carros da oficina, coloca um alto falante no veículo, dirigia e anunciava a venda do bingo. Quando não, comunicava algo importante para a comunidade como reuniões.
Depois de um dia cheio de trabalho, todo manchado de óleo de motor, tinta mecânica e gasolina, seu Amaro metia aquele banho, revigorada o visual e saia para evangelizar. Que sensacional exemplo.
Conversava com a juventude e quando possível ajudava para sair do caminho errado das drogas e vícios. “Bora moleque, bora gêmeos”, era assim com aquela sua voz grave e passos lentos, que seu Amaro sempre ligava para convidar eu ou meu irmão Judson e outros a ajudar em setembro na festa de São Vicente de Paulo.
Essa época da quaresma, e principalmente na Semana Santa, encenação da Morte e Paixão de Cristo, seu Amaro Malcher virava ator. Isso mesmo. Ele sempre participou da parte como figurante do momento. Com ápice da ressurreição de Jesus.
Visitava os doentes, comparecia para novenas e orações aos pacientes enfermados nos Hospitais. Dava palavra amiga junto a comunidade carcerária. Era colaborador de todos os eventos sociais e religiosos da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes. De todos seja nas comunidade de Nazaré, Santa Rita de Cássia, Santíssima Trindade Castanheira e Lourdes. Mas seu xodó mesmo era a Capela de São Vicente de Paulo.
Seu Amaro foi uma Guerreiro! Guerreiro do bem. Dizem que ninguém é insubstituível. Mas por favor seu Amaro converse ai com São Vicente e Nossa Senhora do Carmo para Deus enviar um ser tão espontâneo e apaixonado pela família, pela evangelização e pela comunidade vicentina. São Vicente, te agradece!
Texto: Hudson Lima
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